quinta-feira, março 22, 2007

Quem tem medo do Minotauro?


Por que tudo passa, e não haveria porque o tempo ser diferente. O amadurecimento de cada um de nós sempre chega. A transição da infância para a adolescência, dessa para a fase adulta, e por fim a velhice. Cada qual com seus acontecimentos característicos. A pauta hoje porém, é a adolescência, mas especificamente por volta dos 17 anos: a escolha profissional.
As nossas brincadeiras de faz-de-conta sempre, ou quase sempre, eram situadas em um futuro distante onde já dirigíamos, pagávamos contas e trabalhávamos. O mais interessante é que não importava qual a profissão da brincadeira, ela sempre era mágica e fascinante. Ah, bons tempos quando a realidade ainda não havia chegado. Mas, ACORDE! Você tem 17 anos e precisa decidir o que vai fazer para o resto de sua vida.
Não tenho medo de usar termos como “toda a vida” já que é apenas a verdade (nua e crua, sim, ela tem te atingido mais vezes do que você gostaria). A magnitude da escolha profissional é tão gigantesca que terá conseqüências catastróficas de escala universal se você não fizer a escolha certa: você pode perder anos da sua vida na faculdade errada até você perceber que aquilo não te agrada; você pode perder anos da sua vida até você descobrir o que quer; ou ainda pior, escolher algo que te faça miserável e infeliz e você sequer trocar de profissão já que esta é a situação mais confortável e segura .
O cenário que pintei te aterroriza demais? Caso não, sinta-se abençoado por saberes o que queres da vida pois pelo menos 70% dos estudantes nesta fase da vida ainda não sabem o que querem ou não têm certeza ainda se o que escolheram é certo. Por mais maduras que sejam as cabecinhas de alguns poucos, a escolha profissional pode ser um labirinto do Minotauro para a maioria. Mas, para aqueles que ainda têm um ano pela frente até o vestibular, brincar de ser criança pode ser a melhor solução, e por incrível que pareça, a mais sã de todas. E ai, quem quer brincar de médico?





Incontestavelmente eu**

O escudo da vez


O país inteiro ficou sabendo da trágica morte de João Hélio Fernandes, o pobre menino de 6 anos que foi arrastado por 7km no Rio de Janeiro em uma tentativa de assalto. Porém esse não foi o primeiro de uma série de mortes que ocorrem no Brasil e em outros países. São essas fatalidades que horrorizam metade da população mundial. Dentre os cinco acusados de ligação com o crime, um deles tem 16 anos.
Pela lei, ele ainda não tem idade suficiente para responder por seus atos. Ele e milhares de outros que já cometeram, por incrível que pareça, crimes mais hediondos. São esses os impunes da sociedade que vivemos, e é justamente por isso que a questão é de cunho social. Por que caberia apenas aos nossos gloriosos políticos a decisão de punir ou não aqueles jovens inconseqüentes pelos seus crimes? Não seria justo que todos tivéssemos voz em uma decisão dessas? Aparentemente não. Está em pauta agora, a diminuição da maioridade penal do país de 18 anos para 16. Caso essa lei já estivesse em vigor no nosso país há mais tempo, sem a menor sombra de dúvida as penitenciárias estariam transbordando delinqüentes pelos muros. Pior ainda, não teríamos a menor certeza de que de fato os índices criminais fossem mais baixos, caso da Espanha que teve sua maioridade penal diminuída para 14 anos e sua violência só aumentou.
Se devemos mesmo seguir exemplos estrangeiros, devamos seguir exemplos nos quais são investidos o dinheiro público em educação dos jovens, para que não sejam infratores da lei antes mesmo de poderem ser punidos por suas ações criminosas, já que aparentemente, temos todos a sina do crime em nossos caminhos ou em algum outro que cruze o nosso. Não devemos apenas nos iludir com a linda suposição de que essa será a solução de todos os problemas de violência no país, eles vão muito além disso: o tráfico e todo o universo criminal, a falta de educação popular, o desemprego, dentre outras causas. Cabe a cada um de nós tomar reconhecimento do que realmente mudaria os números das pesquisas, o que realmente mudaria a situação calamitosa atual do país.
Ainda que o super-homem não tenha chegado ao nosso país, criemos nosso próprio, punindo os infratores da lei, por mais novos que sejam. Se alguns deles já podem escolher os caluniosos e ainda tão amados políticos a representarem suas vontades, por que não também responder por suas ações?

Incontestavelmente eu**