domingo, outubro 21, 2007

Dissonar


Hoje aprendi sobre a palavra carne
Aprendi que se pode rimá-la com sono
E a partir de então, permite-me rimá-la com o mundo inteiro

Rimei com a primavera, com as ruas e com os quartos
Usei as alianças dos casais como suporte dos primeiros versos
E terminei-os com todo o esmero de todos os livros já escritos

Foi quando cheguei até você,
Por algum motivo maior, a rima parou, estancou e não quis mais andar
A minha carne rimou com tudo e todos, mas a você ela não desejou

Não compreendi direito o porquê, e então insisti em fazer a rima dar certo
Mas nada aconteceu, ficou ali estático o seu nome perto da minha carne

Foi daí que terminei com esses pobres versos,
Foi quando tentei fazer você ficar perto de mim

São assim bem simples, assim como é minha afeição por você
Não se explica com fundamentalismos filosóficos, mas sim pelo tato
É tangível ao toque o quanto quero a você

Acho eu, que cansei de tentar fazer as coisas se encaixarem
Se fosse para a rima dar certo,
Ela já estaria a me esperar para ser feita

Voltei para os meus miseráveis poemas
Para me deparar com todos os meus mais belos versos,
Com o seu verso jogado ao léu do meu calor

E depois de caminhar por todas as vias sem fim da minha insanidade
Cabe a ninguém mais do que eu deixar as palavras como estão e não mais almejar coisa alguma

Vou deixar para os meus outros poemas terminarem o que eu comecei
Assim tão invariavelmente sem pensar, sem prezar, sem amar.


Incontestavelmente eu**

Um comentário:

Victor disse...

"Acho eu, que cansei de tentar fazer as coisas se encaixarem"

Otimo texto, mas em especial essa frase, ja da pra saber porque neh nao? :P